terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Quando o assunto é doce os ouvidos ficam afiadíssimos.

A Mamãe, que é uma grande fã de côco, ficou sabendo pelas conversas do tio Gu e da tua Tati que ainda havia um Sacolé de côco no congelador.

Enquanto isso a criaturinha brincava de desenhar do outro lado da casa.

- Ah, pode guardar esse chupchup de côco pra mim que eu adoro - barganhou a mamae.
- Não, este eu guardei para a Sofia - O Tio Gu responde.
- Guardou o que pra mim? - Ouve-se de uma voz mirim a ecoar pelas paredes da casa.
- Nada, filha - responde a mamãe evasiva.

De ouvidos atentos ela retruca rápida no gatilho:

- Sei. Um "nada" de côco, né mamae?


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Sofrência mirim.

E no caminho da escola a gente vai brincando de tentar falar inglês:
- Honey, show me something in the blue color.
- O Ombidus!
- Very wel! Show me the green color.
- As folhas das árvores.
- Ok, that's right! Now, I want you show-me a car in the yelow color and a truck in grey color.
- Papai, não entendi nada, agora você falou igual o namorado da tia Carol.
- Verdade né filha, ele só fala em inglês. Por falar nisso, a tia Carol vai casar com ele.
- Quando?
- Agora em Abril.
- Aaaaaaaagoooooooraaaaaa?
- Sim.
- Morri...

ai ai, que sofrência de amor...

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Não me convide para sua sala de estar.

Quem nunca passou por isso:

- Que massa! Agora vocês compraram um apê? Conseguiu um cantinho? Que dia vamos lá estrear?
- Nãããããão, não tem nada lá em casa. Não está apropriado para te receber.

Quantas vezes você já ouviu algo parecido com isso? Quantas vezes você disse ou pensou algo parecido com isso?

E vou te falar, na maioria das vezes não é uma desculpa. De fato percebo que o ser humano realmente acredita que infraestrutura ou luxo importam. Eu mesmo já declinei de algumas oportunidades de receber grandes amigos e família na minha casa por acreditar que não tenho o espaço adequado, porque ainda não tinha uma mesa, que beltrano ou cicrano são finos demais para a nossa simplicidade, que não tenho a bebida adequada para oferecer.

Pois sabe de uma coisa? Nada - repito e destaco - NADA disso importa.

Basta puxar um pouco na memória. Lembre-se das viagens mais marcantes que você fez na sua vida. Lembre-se dos momentos mais deliciosos que passou. Aposto uma latinha gelada que as lembranças que mais fazem seu peito esquentar são aquelas repletas de pessoas que você ama. Te pergunto, nestas ocasiões você tinha muito dinheiro? Você estava em um ambiente luxuoso? Paradisíaco?

Pode até ser... Mas garanto e, neste ponto, aposto mais que uma latinha gelada. Aposto uma caixa inteira. Um elemento sempre foi e sempre será comum às grandes lembranças: PESSOAS AMADAS.

O que realmente importa é o encontro, é a boa prosa, o convívio com seres humanos que compartilham da mesma energia, independente do local, da ocasião e até mesmo das idéias. O bom encontro, a boa prosa, as boas experiências coletivas sempre tornarão o resto irrelevante.

É por isso que quando você for convidado à minha casa, tomará assento em nosso lugar de honra:


Você se sentará em módicos banquinhos na nossa área de 8m2 onde a churrasqueira portátil disputa espaço com a máquina de lavar roupas e com o varal. Onde este que vos escreve passa boa parte do tempo criando e recriando.


É aqui que, independente da qualidade do cardápio disponível, independente da temperatura ou da posição da lua, teremos algumas boas horas de papo furado saudável e revigorante.

Então meu querido amigo, minha querida amiga, quando me convidar para sua casa, não me receba na sua sala de estar. Me receba no seu lugar de honra. Ao lado da sua máquina de lavar, perto do fogão, no chão da varandinha, usando um banquinho de plástico como mesa. Nunca importou e nunca importará.

O que vale é o encontro!

Papai

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Três pererequices em uma compra de mercado.

Primeira Pererequice:

No caminho para o mercado a figurinha observa pensativa o tempo fechado, chuvoso...

Chegando lá a mamãe propõe:
- Filha, vamos tomar café aqui na lanchonete hoje?
- Não, mamãe.
- Por que não, filha?
- Por que eu quero tomar café na Bahia.
- Sério, filha?
- Sim, eu quero morar na Bahia.
- E do que você mais gosta lá?
- Tudo! Lá é muito mais legal que aqui...

E tem como discordar?

Segunda pererequice:

A gente vai se divertindo a beça enquanto passeia pelas prateleiras do mercado. É um tal de experimentar todos os chinelos, pegar todos os produtos de limpeza coloridos e brilhantes e fazer a feira enchendo uma sacola com dez frutas diferentes e tal...

Num dos corredores achamos uma prateleira inteira só de boia macarrão. Aquelas compridonas.

Rapidamente colocamos esta ideia em prática:


Entre uma sabrada e outra Sofia lascou uma porrada na prateleira e todas as boias foram para o chão. Claro que sobrou pro Papai organizar.

Depois de uns 2 minutos de peleja, tentando colocar as boias no lugar, o projeto de gente para do meu lado e solta:

- Ahhhhhh, não está conseguindo arrumar não, nenenzinho... hihihi!

Terceira Pererequice:

Depois de uma intensa batalha com os sabres macarrão, naturalmente ficamos com um pouco de calor. Chegando no carro liguei o ar condicionado, mas na primeira velocidade, afinal o tempinho já estava mais fresco.

Indignada e suada até a tampa ela reclama:

- Qual é, papai?! Coloca no 2 aí.